sexta-feira, 3 de abril de 2009

Desabafo de uma professora

A educação é uma daquelas coisas que todos acreditam, ou acreditaram em algum momento da vida, que poderia transformar o mundo porque seria ela capaz de transformar os indivíduos. Ledo engano.
Infelizmente, o capitalismo transformou a educação, e todo os sistemas educacionais, em mercadoria. Essa que expressa a relação dos homens com seu mundo material. Isso fez com que a escola perdesse o sentido para a maioria dos sujeitos que vivem dela e nela. Sejam os alunos, os professores e os os trabalhadores da educação como um todo.
Nas escolas particulares, a educação está concebida como uma forma de penetrar no mundo quase inacessível das grandes escolas públicas universitárias. Ou seja, nada mais funcional!
Nas escolas públicas... bem... no limite é uma forma da juventude não perder definitivamente a noção da exitência de um mundo que existe independente da nossa vontade. E lá vão os professores: aqueles que já cansaram não param de culpar os alunos. E os alunos que já não aguentam mais o blábláblá anacrônico dos professores os culpam também. Outros professores bem intencionados, ainda esperançosos e que não abandonaram o barco, buscam através dos imensuráveis projetos uma forma de pescar algum peixe ainda sobrevivente em meio a "tanta poluição". E os novos, como eu. Nossa!!!! Os novos são impressionantes! São aqueles que chegam e ainda conseguem falar a mesma língua, sentir os mesmos cheiros e odiar o mesmo sistema que os alunos. Alunos perdidos pelos corredores alvoroçados pela hora que os portões se abrem. Os novos, como eu, guardam uma vontade louca de fazer acontecer e procuram desesperadamente seus parceiros. Onde estarão os que ainda podem fazer surgir uma luz?
Olho para essa juventude e tenho vontade de lhes dizer que realmente essa escola não lhes serve. Que essa escola há muito tem servido aos donos do capital. Tem servido para nos tornar gado. Porquegado a gente ferra engorda e marca... Mas com gente é diferente....
Tenho vontade de me unir a eles quando jogam as bombas no pátio do colégio, quando bebem na sala de aula e quando gritam. Talvez ainda não tenhamos conseguido percebê-los. E nem eles mesmo perceberam que se se levantassem contra toda essa forma de opressão, ao amanhcer não existiria um só burguês vivo! Uma cegueira toma conta dos catedráticos. Uma cegueira que nos torna cúmplices desse aparelho ideológico e de reprodução do capital, que é a escola.
Procuro desesperadamente uma forma de dizer aos meus mais de 500 alunos que estou ao lado deles!Que se encontrem e quando esse dia chegar, que não desistam!!

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